Reflexo da luz da lua num lago

Yann Ryan ORCID id icon

Esta lição demonstra como construir um mapa interativo na web usando R e a biblioteca Shiny. Na lição, será projetado e implementado um aplicativo simples, que consiste num controlo deslizante que permite ao usuário selecionar um intervalo de datas e exibir um conjunto de pontos correspondentes num mapa interativo.

editado por

  • Tiago Sousa Garcia ORCID id icon
  • Alex Wermer-Colan

revisto por

  • Amanda Regan
  • Nicole Lemire Garlic

traduzido por

  • Aracele Torres

tradução editada por

  • Daniel Alves ORCID id icon

tradução revista por

  • Joana Malta
  • Juciane Pereira

publicado

| 2022-10-19

traduzido

| 2023-10-14

modificado

| 2022-10-19

dificuldade

| Médio

DOI id icon https://doi.org/10.46430/phpt0044

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Disponível em: EN (original) | PT | ES

Esta lição faz parte de uma série especial em parceria com Jisc e The National Archives. Para consultar outras lições desta série clique aqui.

Conteúdos

Introdução

Esta lição demonstra como criar uma aplicação Web interativa básica usando Shiny. Shiny é uma biblioteca (um conjunto de funções adicionais) para a linguagem de programação R. O seu objetivo é facilitar o desenvolvimento de aplicações Web, que permitem que um usuário interaja com o código R usando elementos da Interface do Utilizador (UI) num navegador Web, como controlos deslizantes, menus suspensos e assim por diante. Na lição, será projetada e implementada uma aplicação simples, consistindo num controlo deslizante que permite ao usuário selecionar um intervalo de datas, que acionará algum código em R e exibirá um conjunto de pontos correspondentes num mapa interativo.

Objetivos da lição

Nesta lição, irá aprender:

  • Como criar uma aplicação Shiny interativa básica.
  • Os principais layouts e princípios de design da UI Shiny.
  • O conceito e a prática de ‘programação reativa’, conforme implementado por aplicações Shiny. Especificamente, aprenderá como usar Shiny para ‘entender’ informações de input e como elas estão conectadas aos resultados a serem exibidos na sua aplicação.
Saiba que esta lição não ensina nenhuma codificação em R, além da suficiente para criar a aplicação, nem aborda a publicação da aplicação finalizada na Web. É recomendado um conhecimento básico em linguagem de programação R, particularmente com o tidyverse.

Interfaces Gráficas do Utilizador e Humanidades Digitais

Interfaces Gráficas do Utilizador (em inglês) (GUI, na sigla em inglês) e elementos interativos podem ajudar a tornar certos tipos de trabalhos académicos baseados em dados mais acessíveis ou legíveis. Para dar um exemplo simples, os historiadores que trabalham com um grande volume de dados (big data) podem querer demonstrar a mudança numa variável ao longo do tempo. Um mapa interativo com uma linha do tempo ajustável é, em alguns casos, mais fácil de ler e permite mais granularidade do que uma série de mapas estáticos. Permitir que um usuário defina os parâmetros da visualização pode ajudar a evitar alguns dos vieses frequentemente encontrados em visualizações de dados usando séries temporais (por exemplo, desenhar arbitrariamente um mapa por década).

Muitos projetos de pesquisa têm elementos interativos como resultados. Alguns exemplos incluem o Tudor Networks of Power (em inglês), uma visualização das redes nos Tudor State Papers, o Press Tracer (em inglês) interativo e (para dar um exemplo usando Shiny) o GeoNewsMiner (em inglês), que exibe menções geocodificadas num corpus de jornais. Aplicações interativas podem ser ferramentas úteis para arquivistas: pesquisadores do National Archives UK criaram uma aplicação usando Shiny (em inglês) que avalia o nível de risco numa coleção digital, por meio de uma série de perguntas respondidas por um usuário.

Outro caso de uso típico para aplicações interativas é fornecer uma maneira mais fácil de explorar o seu próprio conjunto de dados, sem nunca pretender que a própria aplicação seja disponibilizada publicamente. Pode-se simplesmente usá-la para encontrar padrões interessantes ou como ponto de partida para pesquisas futuras. Dessa forma, a interatividade pode ser particularmente útil para ajudar a explorar e encontrar padrões em conjuntos de dados de grande escala.

Opções para criar uma GUI

Existem várias maneiras de abordar o desenvolvimento de visualizações interativas semelhantes aos exemplos acima. Uma delas é aprender a desenvolver uma ferramenta especializada projetada para manipular páginas da Web em resposta a informações de input, como a biblioteca Javascript D3 (em inglês). Uma segunda opção seria usar ferramentas baseadas na Web existentes, sejam gerais, como Tableau (em inglês) e Rawgraphs (em inglês), ou com uma finalidade mais específica, como Palladio (em inglês) ou Gephi (em inglês). Uma terceira abordagem pode ser usar Jupyter notebooks (em inglês), que permitem compartilhar código interativo e até mesmo, com alguns pacotes adicionais, criar uma interface do usuário.

Esta lição abrange uma quarta abordagem: fazer aplicações interativas com uma GUI usando uma biblioteca para uma linguagem de programação de propósito geral, como Bokeh (em inglês) ou Dash (em inglês) para Python ou, conforme usado neste tutorial, Shiny (em inglês) para R. Tanto o Python quanto o R são linguagens de programação versáteis, de código aberto, amplamente usadas, com comunidades ativas e com uma enorme variedade de pacotes de terceiros. Há muitas circunstâncias em que faz sentido usá-las como base para aplicações interativas. Em essência, esses pacotes atuam como interfaces interativas para a linguagem de programação, permitindo a criação de controlos deslizantes e outras funcionalidades, que podem ser usadas como informação de input para alterar dinamicamente parcelas de código. Na maioria dos casos, estes pacotes não exigem conhecimento técnico do usuário final. Como são projetados para funcionar num navegador, funcionam em qualquer plataforma e são fáceis de compartilhar.

Shiny e programação reativa

Shiny é baseada num conceito chamado reatividade. Normalmente, ao codificar, definimos uma variável para um valor específico, digamos x = 5. Na programação reativa, a variável depende de uma informação de input variável, geralmente definida por um usuário (de um controlo deslizante de texto ou lista suspensa, por exemplo). O código ‘capta’ as alterações nessas variáveis reativas e, sempre que essas variáveis especiais mudam, quaisquer resultados são usados para gerar atualizações automaticamente.

No entanto, essa atualização só acontece em contextos reativos. Shiny tem três contextos reativos importantes: funções render*, que são usadas para criar objetos R e exibi-los na aplicação, observe({}) e reactive({}). Neste tutorial, usará a reatividade para criar um dataframe resumido de títulos de jornais e suas datas, que é atualizado dinamicamente com base num input de datas do usuário. Em outras partes da sua aplicação, usará uma função render* para exibir um mapa que captará as alterações nesse dataframe reativo e se atualizará quando qualquer uma for encontrada.

Vantagens e desvantagens de usar Shiny

A vantagem dessa abordagem é que a criação de aplicações Shiny é relativamente simples se já conhece R, e toda a variedade de bibliotecas e recursos da R pode ser aproveitada pela Shiny. Em algumas circunstâncias, isso pode ser preferível a aprender uma nova linguagem do zero. Se tiver experiência com R e pouco conhecimento de Shiny, poderá criar aplicações muito complexas e úteis, abrangendo tudo, desde mapas, análise de redes, modelos de aprendizado de máquina (em inglês) ou painéis de controlo completos com muitas funcionalidades. Se pode programá-las com R, provavelmente pode torná-las interativas com Shiny. O processo de criação de uma interface do usuário Shiny é muito flexível e fácil de personalizar, o que significa que é simples criar uma aplicação num formato que possa ser incorporado num site de projeto usando iframes: veja o projeto Mapping the Gay Guides (em inglês) como exemplo.

Existem algumas desvantagens que valem a pena considerar. Para aqueles que não têm intenção de usar uma linguagem como R em outros aspectos do seu trabalho, aprendê-la apenas para produzir aplicações Shiny pode ser um exagero. Shiny é de código aberto e de uso gratuito, mas de longe a maneira mais fácil de publicar a sua aplicação finalizada na Web é usando um serviço chamado shinyapps.io. Shinyapps.io é um produto comercial com uma opção gratuita que oferece um número limitado de horas de uso (25 horas, depois disso precisará pagar uma taxa mensal). Pode executar a Shiny no seu próprio servidor (ou através de algo como Amazon Web Services (em inglês)), mas é um processo bastante complicado e requer conhecimento avançado de configuração de servidores Web. Deve ter isso em mente se estiver pensando em usar Shiny para uma saída voltada para o público, principalmente se achar que pode ter muito tráfego e uso pesado.

Contexto histórico e dados

A biblioteca nacional do Reino Unido, a British Library (em inglês) possui, de longe, a maior coleção de jornais britânicos e irlandeses do mundo. A primeira publicação de notícias em série na sua coleção é de 1621 e continua a ser coletada até hoje. O catálogo da biblioteca contém uma riqueza de informações sobre os seus acervos jornalísticos, que foram disponibilizadas publicamente na forma de metadados estruturados. Esses metadados são, essencialmente, uma lista de títulos de jornais, contendo as datas e locais de publicação de cada um, mudanças e fusões de títulos e informações sobre substitutos de microfilmes e acervos digitais.

Esses metadados estruturados são o recurso usado nesta lição. Rastrear os metadados dessa coleção é uma forma dos historiadores mapearem o crescimento e as mudanças na imprensa ao longo do tempo e em diferentes regiões. Além disso, pode ajudar a entender mais sobre o próprio acervo da British Library, incluindo as suas lacunas, vieses, estratégias de digitalização e pontos cegos. Os dados podem até indicar algo sobre a mudança demográfica e industrialização da Grã-Bretanha, bem como desenvolvimentos nas tecnologias de comunicação (por exemplo, comboios e, depois, telégrafos tornaram possível ter imprensas regionais e locais).

A indústria jornalística (e, também, a coleção) cresceu de um pequeno número de títulos publicados em Londres no início do século XVII para uma florescente imprensa provincial semanal e diária no século XVIII e, depois, para uma grande imprensa local nos séculos XIX e XX. Durante grande parte do século XVIII, um imposto foi adicionado a cada exemplar de jornal, tornando-o caro e disponível apenas para a elite. No século seguinte, este foi revogado e a imprensa começou —ainda que lentamente— a refletir mais plenamente sobre as aspirações e a diversidade do país. A aplicação criada neste tutorial —um mapa interativo de títulos publicados, com um controlo deslizante de tempo selecionado pelo usuário— é uma maneira útil de visualizar essas mudanças.

Obtendo os dados

Para este tutorial, será preciso descarregar dois ficheiros: primeiro, uma lista de títulos de jornais britânicos e irlandeses, depois disso chamada de ‘lista de títulos’; e, segundo, um conjunto de dados auxiliar com nomes de lugares e coordenadas, que permitirá a correspondência dos lugares encontrados na lista de títulos aos locais num mapa, a que chamaremos de ‘lista de coordenadas’.

  • Para obter a lista de títulos, visite o repositório da British Library (em inglês). A lista está disponível no repositório em dois formatos: um ficheiro .zip contendo um .csv e um readme, ou uma folha de cálculo do Excel. Para esta lição, trabalharemos com o formato .csv. Descarregue o ficheiro .zip e descompacte-o. Como alternativa, pode descarregar aqui uma cópia do conjunto de dados usado neste tutorial.

  • A lista de coordenadas está disponível aqui. Descarregue este ficheiro de coordenadas. Não importa onde o coloca agora, pois posteriormente na lição moverá os dois ficheiros para uma nova pasta.

Entender a lista de títulos

Feito isto, dê uma olhada no conjunto de dados da lista de títulos (pode abri-lo no R, num programa de folha de cálculo ou um editor de texto). A lista de títulos foi produzida pela British Library e publicada no seu repositório institucional. Contém metadados retirados do catálogo da biblioteca, de todos os jornais publicados na Grã-Bretanha e Irlanda até o ano de 2019, um total de cerca de 24.000 títulos. Há mais informações disponíveis num artigo de dados publicado.1

O ficheiro .csv (BritishAndIrishNewspapersTitleList_20191118.csv) contém vários campos para cada título, incluindo o nome da publicação, nomes de títulos posteriores e anteriores, vários campos para a cobertura geográfica, a primeira e a última datas catalogadas e algumas outras informações.

Vale a pena ler o ficheiro README que acompanha o ficheiro .zip. Este explica que existem vários campos previstos para a cobertura geográfica, pois os registros foram catalogados durante um longo período de tempo durante o qual os padrões e convenções de catalogação mudaram. O objetivo aqui é mapear os jornais num nível de ponto geográfico, ou seja, no nível de povoado, vila ou cidade, em vez de região ou país. Existem dois campos onde podemos encontrar os pontos geográficos potencialmente relevantes para mapear: place_of_publication e coverage_city. Parecem coisas diferentes (um jornal poderia ser publicado num lugar, mas ter cobertura geográfica noutro, talvez se o primeiro não tivesse uma imprensa jornalística adequada), mas não é assim que têm sido usados pelos catalogadores na prática. O ficheiro README diz que este último (coverage_city) contém dados mais completos, então é esse que usará para mapear os títulos.

Os outros dois campos de interesse são a primeira e a última datas catalogadas. O readme também nos diz que a biblioteca não tem cobertura completa, embora tenha a maioria dos títulos da década de 1840 em diante, e efetivamente todos os títulos a partir de 1869, quando o Depósito Legal2 foi introduzido. Isso significa que a coleção não possui, necessariamente, todos os números de um jornal entre a primeira e a última data catalogadas pela Biblioteca.

Neste tutorial, será criado um controlo deslizante interativo que permitirá ao usuário escolher uma data de início e de término. Isso pode ser usado para filtrar os dados de duas maneiras: para todos os jornais publicados em algum momento entre essas duas datas, ou pode mapear todos os jornais publicados pela primeira vez entre duas datas específicas. Como o primeiro cenário super-representaria as coleções da biblioteca, para simplificar as coisas, neste tutorial trabalhará na visualização dos jornais publicados dentro de um determinado período de tempo.

Configurando o seu ambiente de codificação e criando a aplicação Shiny

Para demonstrar como Shiny funciona, neste tutorial será utilizado esse conjunto de dados de títulos de jornais, locais de publicação e datas e o transformará numa aplicação interativa básica. No total, há cinco tarefas curtas de codificação que a sua aplicação precisa de realizar:

  • Carregar os dois conjuntos de dados necessários
  • Criar uma interface de usuário
  • Criar um conjunto de dados “reativo” de lugares, uma contagem de ocorrências e as suas coordenadas geográficas
  • Transformar isto num conjunto de dados geográfico especial chamado de objeto de recursos simples
  • Criar um mapa interativo usando outra biblioteca R chamada Leaflet (em inglês)

No entanto, antes de chegar a estes pontos é preciso configurar o ambiente correto e criar uma nova aplicação Shiny.

Instalar o R e o RStudio

Instale as últimas versões do R (em inglês) e do RStudio (em inglês) na sua máquina local para concluir esta lição. O R tem uma IDE (Ambiente de Desenvolvimento Integrado) muito popular (embora separado) chamado RStudio, que é frequentemente usado junto com o R, pois fornece um grande conjunto de recursos para tornar a codificação na linguagem mais conveniente. Usaremos ao longo da lição.

Lições anteriores do Programming Historian abordaram como trabalhar com R e trabalhar com o tydeverse. Seria útil passar por essas lições primeiro, para aprender os fundamentos da instalação do R e usar o tydeverse para organizar os dados.

Criar um novo projeto no RStudio

Depois de instalar o R e o RStudio, abra o último e crie um novo projeto para trabalhar na sua aplicação. Para fazer isto, abra a janela ‘Create a Project’ (em português, criar um novo projeto) usando o menu (File->New Project) (em português, Ficheiro->Novo Projeto). Selecione ‘New Directory’ (em português, novo diretório), e então ‘New Project’ (em português, novo projeto). Nomeie o diretótio do seu projeto, marque a opção ‘Use renv with the project’ (em português, use renv com o projeto), e clique em ‘Create Project’ (em português, criar projeto).

Antes de continuar, instale os quatro pacotes necessários para concluir o tutorial, caso ainda não os tenha. Três deles podem ser instalados diretamente pelo RStudio. Na linha de comandos do R ou num script R separado, execute os seguintes comandos:

install.packages('shiny')
install.packages('leaflet')
install.packages('tidyverse')   

Dependendo da configuração do seu sistema, o quarto pacote, sf, pode exigir etapas adicionais antes de ser instalado. Detalhes sobre isso podem ser encontrados na página do pacote no Github (em inglês). Verifique as instruções no cabeçalho Installing (em português, instalar) no ficheiro Readme vinculado ao Github. Usuários de Mac em particular podem precisar de instalar uma biblioteca de terceiros, gdal, antes que a instalação funcione, usando o Homebrew.

Criar uma aplicação Shiny vazia

Uma aplicação Shiny consiste num ficheiro de script com um nome de ficheiro especial reservado, app.R, que diz ao RStudio para tratar esse script como uma aplicação e abri-lo num navegador Web quando for executado. Nesta primeira seção, será criado um aplicativo que carregará as bibliotecas e conjuntos de dados relevantes e exibirá uma mensagem de teste ‘Olá mundo’. Para isso, execute os seguintes passos:

1. Configure uma pasta da aplicação

É uma boa prática colocar todos os ficheiros necessários para a aplicação numa pasta própria, dentro do projeto RStudio. Faça isso criando uma nova pasta chamada ‘jornal-app’ dentro da pasta do projeto RStudio que acabou de criar. Coloque os ficheiros descarregados acima (BritishAndIrishNewspapersTitleList_20191118.csv e newspaper_coordinates.csv) nesta nova pasta.

2. Crie o ficheiro app.R

Com o RStudio aberto, clique em file-> new file -> R Script. Use o menu ou command/ctrl + s para salvar o ficheiro. Navegue até à nova pasta que acabou de criar e salve o ficheiro lá, digitando app.R como o nome do ficheiro. Agora deve ter os seguintes ficheiros na pasta ‘jornal-app’ que acabou de criar:

Uma captura de tela do painel de ficheiros R, mostrando os ficheiros necessários. Há três ficheiros no total, App.R, o csv dos jornais britânicos e irlandeses, e o csv das coordenadas do jornal.

Figura 1. Captura de tela da pasta da aplicação mostrando os ficheiros necessários.

3. Carregue as bibliotecas relevantes

É importante notar que, ao contrário de muitos tutoriais, o código que está prestes a inserir não funcionará se for executado linha por linha, mas somente quando o script `app.R` for executado de dentro do RStudio.

A primeira coisa que a aplicação precisará de fazer é preparar e carregar os dados. Isto é feito dentro do script app.R, mas fora da interface do usuário e dos elementos do servidor que será criado num momento. Primeiro, carregue todas as bibliotecas que precisa de usar digitando o seguinte:

library(tidyverse)
library(shiny)
library(sf)
library(leaflet)

4. Carregue os conjuntos de dados

Em seguida, a aplicação deve carregar a lista de títulos e os ficheiros de lista de coordenadas como dataframes chamados title_list e coordinates_list, respectivamente. Adicione a seguinte linha ao seu script app.R, que deve ser exibido no painel superior esquerdo do RStudio. Observe que, como o diretório de trabalho é diferente do diretório da sua aplicação, estes comandos só funcionarão quando executar a própria aplicação.

title_list = read_csv('BritishAndIrishNewspapersTitleList_20191118.csv')

coordinates_list = read_csv('newspaper_coordinates.csv')

Adicionar os elementos Shiny necessários

Para transformar isto numa aplicação Shiny, este script app.R precisa de três elementos:

1. A UI, onde a aparência visual da aplicação será armazenada.

2. O servidor com o código usado.

3. O comando para executar a própria aplicação.

Em seguida, criará cada um deles de cada vez.

1. Crie um elemento de UI vazio

A interface do usuário (UI) é um elemento que conterá vários comandos especiais de Shiny para definir a aparência da aplicação. Examinaremos as opções específicas abaixo, mas geralmente você define um tipo de página e os vários componentes da interface do usuário são aninhados nesse primeiro elemento: primeiro, um tipo de layout, dentro deste, elementos de layout específicos; e, finalmente, dentro deles, os vários componentes da própria aplicação.

O tipo que usará é chamado fluidPage(), uma página —que redimensiona dinamicamente dependendo do tamanho da janela do navegador— contendo um layout fluido de linhas que, por sua vez, contêm colunas.

O primeiro passo é criar todos os elementos básicos necessários para uma aplicação, antes de preenchê-los com os componentes necessários. Para começar, crie um elemento de UI em branco definindo a variável ui para o elemento fluidPage(). Para que saiba que sua aplicação está em execução, quando testá-la pela primeira vez, adicione uma mensagem simples ‘Olá mundo’ ao elemento de UI. Adicione o seguinte código em seu script app.R:

ui = fluidPage(
    
"Olá mundo"
    
    )

2. Crie um elemento do servidor

Em seguida é a parte do servidor. O servidor é criado como uma função R com dois argumentos, input e output (por enquanto, não precisa se preocupar com o que os argumentos de input e output fazem, desde que estejam lá).3 Em R, uma função é feita usando o comando function(){}, especificando os argumentos entre parênteses e, em seguida, o código da função entre chaves. Todo o código para a lógica da aplicação ficará entre essas duas chaves.

Especifique a parte do servidor usando o seguinte código:

server = function(input, output){}

3. Adicione o comando para executar a aplicação

Por fim, adicione o comando para executar a própria aplicação. Este é outro comando especial de Shiny, shinyApp(), com a UI e os itens do servidor que acabou de criar como argumentos.

shinyApp(ui, server)

O ficheiro app.R completo deve conter agora as seguintes linhas:

library(tidyverse)
library(shiny)
library(sf)
library(leaflet) 

title_list = read_csv('BritishAndIrishNewspapersTitleList_20191118.csv')

coordinates_list = read_csv('newspaper_coordinates.csv')

ui = fluidPage(
  
  "Olá mundo"
  
)

server = function(input, output){}

shinyApp(ui, server)

Teste a sua nova aplicação

Depois de criar estes itens, salve novamente o ficheiro app.R. Agora, o RStudio reconhecerá como um aplicativo Shiny e os ícones na parte superior do painel mudarão, aparecendo a opção ‘Run App’ (Figura 2). Se clicar, executará a aplicação numa nova janela usando o navegador embutido do RStudio.

Captura de tela do painel de controlo com o botão Run App destacado com um retângulo vermelho.

Figura 2: Captura de tela do painel de controlo com o botão Run App destacado.

Deve ver uma página da Web em branco com ‘Olá mundo’ exibido no canto superior esquerdo. Também notará que, enquanto a aplicação está em execução, não pode executar nenhum código no RStudio: a consola de comandos do R surge como ‘ocupado’. Para parar a aplicação, basta fechar a página do navegador apenas aberta. Também pode usar a opção ‘Open in Browser’ para testar a aplicação no seu navegador padrão.

Codificar a aplicação

Desenhar a Interface do Usuário

A UI Shiny utiliza o formato Bootstrap (em inglês). A interface do usuário é construída em torno de um sistema de grade de linhas e colunas, permitindo layouts personalizáveis. Consulte a documentação oficial(em inglês) para obter mais informações sobre as várias opções e como criar esses layouts. Para esta aplicação, usaremos um layout conhecido como sidebarLayout, que consiste num título, uma coluna de barra lateral à esquerda da página para informação de input do usuário e um painel principal para exibir os resultados. O diagrama de wireframe a seguir deve ajudá-lo a visualizar o layout:

Imagem que descreve o layout da interface a ser desenhada

Figura 3. Diagrama de wireframe exibindo a estrutura do layout de barra lateral.

O próximo passo é preencher o elemento ui com os componentes necessários para apresentar este layout de barra lateral. Primeiro, use o elemento titlePanel para dar um título à sua aplicação e adicione o elemento da barra lateral. Dentro do objeto fluidPage(), exclua a mensagem ‘Olá mundo’ e substitua pelo seguinte:

  titlePanel("Mapa de jornais"),
  
  sidebarLayout() 
  

Depois disso, preencha o layout com partes específicas da página Web, componentes chamados sidebarPanel() e mainPanel(). Faça-o colocando-os dentro de sidebarLayout().

Como o código da UI Shiny geralmente acaba com muitos parênteses aninhados, dividi-los em duas linhas, como no trecho de código abaixo, pode facilitar a leitura, mas não é necessário para que o código funcione.

Agora, o elemento completo da UI deve ter esta aparência:

ui = fluidPage(

  titlePanel("Mapa de jornais"),

  sidebarLayout(
  
    sidebarPanel = sidebarPanel(),
    mainPanel = mainPanel()
	
  )
)

Notará que estes comandos aninhados correspondem ao layout do diagrama de wireframe na Figura 3 acima.

Adicionar um ‘Widget’: o controlo sliderInput

Em Shiny, os usuários atualizam os valores usando vários controlos interativos e personalizáveis conhecidos como ‘widgets’. A lista completa pode ser encontrada na Galeria de widgets Shiny (em inglês). O widget que vai usar chama-se sliderInput(). Este exibirá uma barra deslizante interativa com um grande número de opções, como o(s) valor(es) mínimo(s), máximo(s) e inicial(is). Também pode definir os incrementos e o formato dos números (digite ?sliderInput na linha de comandos para obter uma lista completa de opções e explicações). Aqui fará um com um ano mínimo de 1620 (o ponto de dados mais antigo na lista de títulos) e um máximo de 2019 (o mais recente).

O valor inicial (padrão) pode ser um único número ou um vetor de dois números. Se o último for usado, o controlo deslizante terá duas extremidades, com um primeiro e um segundo valor. Este é o que queremos usar, para que o usuário possa especificar um intervalo de anos.

O código a seguir criará um controlo deslizante com duas extremidades arrastáveis, definidas por padrão para 1700 e 1750:

sliderInput('years', 'Anos', min = 1621, max = 2000, value = c(1700, 1750))

Insira este código entre os parênteses do comando sidebarPanel = sidebarPanel( ) no seu script. Se se perder ou precisar de identificar e corrigir erros, dê uma olhada no código final fornecido no fim desta lição.

Agora, execute o aplicativo para ver a aparência do controlo deslizante. Verá um painel cinza à esquerda (o painel da barra lateral), contendo o ‘widget’ deslizante. Se passar o rato sobre o controlo deslizante, notará que pode arrastar cada extremidade (para selecionar um tamanho de intervalo) e também pode arrastar o meio (o que moverá o controlo deslizante inteiro sobre uma janela do tamanho de intervalo selecionado).

Gif animado demonstrando a funcionalidade do widget de input do controlo deslizante. Um cursor clica em cada extremidade do controlo deslizante para redimensioná-lo e depois o arrasta.

Figura 4. Gif animado demonstrando a funcionalidade do ‘widget’ de input do controlo deslizante.

Colocar o leafletOutput no elemento mainPanel

Em Shiny, precisa de dar informação à interface do usuário que deve exibir um resultado (algum tipo de elemento R, como uma tabela de dados ou um gráfico, ou algo tão simples quanto uma linha de texto) criada no código do servidor. Isso é feito criando um elemento na interface do usuário da família de comandos *Output. Cada elemento R que pode exibir em Shiny tem seu próprio comando *Output: aqui, usará leafletOutput(), que diz à interface do usuário para criar um mapa com leaflet. leafletOutput tem um argumento obrigatório: seu ID do resultado. Esse rótulo será usado para corresponder o elemento da interface do usuário ao objeto do mapa real que, posteriormente, criará no código do servidor. Defina este rótulo como ‘map’. Insira o seguinte código entre os parênteses de mainPanel():

leafletOutput(outputId = 'map')

Criar a lógica do servidor

Em seguida, precisa de escrever a lógica para criar um objeto que será exibido na interface do usuário. Isto tem duas partes. Primeiro, criará um elemento reativo que, como explicado acima, é um objeto especial que captará as alterações no input do usuário e se refaz conforme necessário. Segundo, criará um resultado que conterá o próprio mapa interativo.

Criar o reativo para o mapa leaflet

Primeiro, crie o elemento reativo. Nesse caso, será um tipo especial de conjunto de dados geográficos chamado objeto de recursos simples. Este formato foi abordado numa lição anterior do The Programming Historian, ‘Using Geospatial Data to Inform Historical Research in R’ (em inglês). Sempre que o usuário alterar as variáveis no controlo deslizante de data de alguma forma, seu aplicativo será executado por meio de um conjunto de comandos:

  • Filtrar a lista de títulos para o conjunto de datas selecionadas pelo usuário

  • Contar o número de vezes que cada lugar ocorre nesta lista filtrada

  • Associar os lugares a um conjunto de coordenadas usando uma junção

  • Converter o resultado num objeto de recursos simples, uma estrutura de dados que armazena informações geográficas

Para criar um objeto reativo chamado map_df, adicione o seguinte código dentro das chaves do componente do servidor:

map_df = reactive({
  
  title_list %>% 
    filter(first_date_held > input$years[1] & first_date_held < input$years[2]) %>%
    count(coverage_city, name = 'titles') %>% 
    left_join(coordinates_list, by = 'coverage_city')%>%
    filter(!is.na(lng) & !is.na(lat)) %>% 
    st_as_sf(coords = c('lng', 'lat')) %>% 
    st_set_crs(4326)
  
})

Este código executa as seguintes funções:

  1. Filtra o conjunto de dados de jornais usando o comando filter(), usando os valores do widget sliderInput. Esses valores são acedidos usando input$<LABELNAME>, que neste caso é input$years, embora haja uma complicação adicional a ser observada. Anteriormente definiu o valor de sliderInput para um vetor de comprimento dois, para que um intervalo pudesse ser selecionado? Os dois números deste intervalo são armazenados em input$years[1] e input$years[2]. Estes são os valores a que precisa de aceder para filtrar os dados. A função filter retorna linhas de um dataframe onde um conjunto específico de condições é verdadeiro: neste caso, onde a coluna first_date_held é maior que o primeiro valor e menor que o segundo.

  2. count() neste conjunto de dados filtrado para produzir um dataframe de cada cidade e uma contagem das vezes em que ocorrem. Especifica o nome da nova coluna que contém as contagens com o argumento name =.

  3. Faz uma junção (um tipo de combinação de dois dataframes com base numa chave comum) para combinar o dataframe de coordenadas ao dataframe de contagem usando left_join(). Deve especificar a chave a partir da qual será feita a junção, que é coverage_city.

  4. Há um pequeno número de títulos de jornais sem coordenadas de latitude/longitude, o que causaria um erro ao criar o objeto geográfico. Filtre-os com filter(!is.na(lat) & !is.na(lng))

  5. Finalmente, transforme-os num objeto de recursos simples, usando st_as_sf(). Para fazê-lo, especifique as colunas de coordenadas de latitude/longitude que devem ser adotadas usando coords e, em seguida, usa st_set_crs para definir um sistema de referência de coordenadas.4

Este dataframe de informações geográficas pode ser acedido em qualquer contexto reativo por Shiny usando map_df() e pode ser usado por vários resultados ao mesmo tempo: por exemplo, pode criar uma aplicação que exibe um mapa e um gráfico de barras, cada um usando o mesmo objeto reativo.

Criar o mapa leaflet

A última coisa a fazer é criar o próprio mapa. Isto é feito usando a biblioteca leaflet, que permite produzir mapas interativos e com zoom. Funciona particularmente bem com Shiny. Adicione o seguinte código dentro do elemento server(), logo abaixo do elemento reativo map_df:

output$map = renderLeaflet({
  
  leaflet() %>% 
    addTiles() %>% 
    setView(lng = -5, lat = 54, zoom = 5) 
  
})

Há algumas coisas bastante complexas acontecendo aqui, por isso é importante analisar o código em detalhe. Em Shiny, cria reatividade conectando inputs a outputs. Inputs, neste contexto, são as variáveis ajustadas pelo usuário. Recorda-se do sliderInput() que criou na interface do usuário acima, com o rótulo ‘years’? Já vimos que o seu valor é armazenado pela Shiny na variável input$years. Outputs são as expressões R que dizem a Shiny o que exibir na interface do usuário e são criadas, no servidor, com o nome da variável output$*. Os outputs precisam de corresponder a um elemento *Output da interface do usuário. Nesta última criou um output leaflet com o rótulo map usando o código leafletOutput('map'). Isto deve corresponder a um output no servidor chamado output$map.

Por sua vez, esta variável output$map deve ser definida para uma função Shiny render*, que informa a Shiny que tipo de objeto deve ser apresentado na interface do usuário. O que precisamos é chamado renderLeaflet, que diz à interface do usuário para gerar um mapa criado pela biblioteca leaflet. O objeto renderLeaflet tem parênteses e chaves, assim como o objeto reativo que criamos acima.

O próprio mapa leaflet será criado dentro disto. Primeiro, adicione a função leaflet(). Em seguida, adicione os blocos padrão (as imagens de mapa com zoom) usando addTiles(). Depois, defina a posição padrão do mapa e amplie para Grã-Bretanha e Irlanda usando o comando setView(lng = -5, lat = 54, zoom = 5).

Desenhar pontos usando o dataframe reativo

Faça uma pausa aqui e execute a aplicação novamente. Se tudo correr bem, deverá ver um mapa interativo da Grã-Bretanha e da Irlanda à direita do controlo deslizante. Pode ampliar e deslizar, mas não mais do que isso. O mapa precisa de ser preenchido com pontos representando a contagem de títulos de cada lugar.

Captura de tela da aplicação com mapa Leaflet e o widget de controlo deslizante.

Figura 5. Captura de tela da aplicação com mapa leaflet e widget de controlo deslizante.

Para fazer isso, use o comando addCircleMarkers(), que adiciona uma camada gráfica de círculos ao mapa leaflet, com coordenadas retiradas de um objeto de dados geográficos. Usando o encadeamento de funções %>% (pipe), adicione o seguinte após a função addCircleMarkers() (veja o código final se não tiver certeza de onde isto deve ir):

%>% 
  addCircleMarkers(data = map_df(), radius = ~sqrt(titles))

Aqui está a parte crucial: em vez de uma fonte de dados fixa, o comando acima especifica que addCircleMarkers deve usar o dataframe reativo que criámos anteriormente, com o argumento data = map_df(). Observe que, diferentemente das variáveis regulares em R, esta tem um par de parênteses depois, denotando que é uma variável reativa especial. Cada vez que a aplicação percebe uma alteração nesse objeto reativo, ele redesenha o mapa com os novos dados.

Neste ponto, também pode definir o raio dos círculos para corresponder à coluna que contém a contagem de títulos para cada lugar, usando radius = ~sqrt(titles). Usamos a raiz quadrada, porque torna a área dos círculos corretamente proporcional à contagem.

Teste a aplicação

É hora de executar a aplicação novamente. Agora, deve haver círculos de tamanhos variados espalhados pelo mapa. Tente mover ou arrastar os controlos deslizantes - o mapa deve ser atualizado a cada alteração. Parabéns, fez a sua primeira aplicação Shiny!

Gif animado demonstrando a atualização do mapa Leaflet à medida que os valores no widget de controlo deslizante são alterados.

Figura 6. Gif animado monstrando a atualização do mapa leaflet quando os valores no widget do controlo deslizante são alterados.

Melhorar a aplicação

Para saber mais sobre Shiny e Leaflet, pode tentar adicionar alguns dos seguintes recursos à sua aplicação:

Primeiro, adicione um input de usuário adicional para filtrar os dados do mapa. Usando outro widget, selectInput, pode permitir que um usuário exiba dados de apenas um dos quatro países na lista de títulos. Digite ?selectInput na linha de comandos para obter ajuda sobre os parâmetros necessários para fazer isto corretamente. Inputs adicionais podem ser colocados sob o sliderInput existente, separados por uma vírgula.

Em seguida, adicione alguns elementos ao mapa leaflet. Uma lista completa de opções pode ser encontrada usando ?circleMarkers no RStudio. Por exemplo, pode adicionar um rótulo aos pontos com label = coverage_city.

Notará que sempre que move o controlo deslizante, o mapa inteiro redesenha e redefine a sua visualização, o que não é muito elegante. Isto pode ser corrigido usando outra função chamada leafletProxy. Resumidamente, crie um mapa leaflet vazio (sem os circleMarkers) como acima. De seguida, em outro contexto reativo, observe, adicionará o código para redesenhar as partes em mudança do mapa, usando leafletProxy. As instruções de como fazer isto podem ser encontradas aqui (em inglês).

Conclusão

Visualizações interativas podem ajudar a trazer novas perspectivas para dados históricos. Neste tutorial, usamos alguns pacotes R versáteis e robustos, como o tydeverse e o leaflet, e pudemos usá-los num ambiente interativo, em vez de ter que preparar todos os dados antecipadamente. Aprendemos como e porquê podemos usar programação reativa, o que nos permite criar código R dinâmico onde os inputs do usuário substituem as variáveis fixas.

Essa abordagem pode ser facilmente adaptada para atender a uma variedade de diferentes formatos de dados e modos de análise. A dificuldade relativamente baixa de utilização destas ferramentas facilita a criação de aplicações rápidas que podem tornar o trabalho com um grande volume de dados menos penoso. As aplicações Shiny também são uma maneira útil de compartilhar alguns dos benefícios dos recursos de programação do R com um público não técnico ou membros da equipe do projeto. É relativamente fácil criar uma aplicação que permitirá que um usuário faça sua própria análise de dados com R, sem precisar codificar ou usar a linha de comandos.

Código final

library(tidyverse)
library(shiny)
library(sf)
library(leaflet) 

title_list = read_csv('BritishAndIrishNewspapersTitleList_20191118.csv')

coordinates_list = read_csv('newspaper_coordinates.csv')

ui = fluidPage(
  
  titlePanel("Mapa de jornais"),
  
  sidebarLayout(
    
    sidebarPanel = sidebarPanel(sliderInput('years', 'Anos', min = 1621, max = 2000, value = c(1700, 1750))),
    mainPanel = mainPanel(
      
      leafletOutput(outputId = 'map')
      
    )
  ) 
  
)

server = function(input, output){
  
  map_df = reactive({
    
    title_list %>% 
      filter(first_date_held > input$years[1] & first_date_held < input$years[2]) %>%
      count(coverage_city, name = 'titles') %>% 
      left_join(coordinates_list, by = 'coverage_city')%>%
      filter(!is.na(lng) & !is.na(lat)) %>% 
      st_as_sf(coords = c('lng', 'lat')) %>% 
      st_set_crs(4326)
    
  })
  
  output$map = renderLeaflet({
    
    leaflet() %>% 
      addTiles() %>% 
      setView(lng = -5, lat = 54, zoom = 5) %>% 
      addCircleMarkers(data = map_df(), radius = ~sqrt(titles))
    
  })
  
  
}

shinyApp(ui, server)


Notas de fim

  1. Yann Ryan and Luke McKernan, “Converting the British Library’s Catalogue of British and Irish Newspapers into a Public Domain Dataset: Processes and Applications,” Journal of Open Humanities Data 7, no. 0 (January 22, 2021): 1, https://doi.org/10.5334/johd.23

  2. Depósito Legal era um mecanismo pelo qual os editores eram obrigados a dar ao British Museum (e, posteriormente, à British Library) uma cópia de qualquer livro produzido, incluindo jornais. 

  3. O objeto servidor é, na verdade, uma lista R com todos os inputs armazenados no primeiro elemento, chamado input, e todos os resultados armazenados no segundo elemento, chamado output

  4. Como existem várias maneiras de transformar um globo numa representação 2D, a exibição correta de dados geográficos requer a configuração de um sistema de referência de coordenadas. 4326 é comumente usado para dados geográficos mundiais. 

Sobre o(a) autor(a)

Yann Ryan é um pesquisador de pós-doutoramento que trabalha com o grupo de história computacional COMHIS na Universidade de Helsínquia. ORCID id icon

Citação sugerida

Yann Ryan, "Criando uma aplicação Web interativa com R e Shiny", traduzido por Aracele Torres, Programming Historian em português 3 (2023), https://doi.org/10.46430/phpt0044.

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